domingo, 13 de junho de 2010

Matem as aves com petróleo, diz bióloga



O dano causado aos animais quando eles ficam encharcados no petróleo é tão grande que alguns ambientalistas dizem: seria mais “humano” sacrificá-los.
Quando li essa matéria no Discovery fiquei bem chocada: parece completamente desumano não tentar salvar uma criatura agonizante.Mas “matar, não limpar” é a recomendação de uma respeitada bióloga marinha alemã. Em entrevista ao jornal Der Spiegel, Silvia Gaus, diz que uma série de estudos prova que a taxa de sobrevivência e médio prazo dos pássaros que foram limpos do óleo é menos de 1%.
Além do estresse, os produtos usados para remover o óleo muitas vezes acabam sendo tão prejudiciais quanto o mesmo, e os animais acabam morrendo de problemas no fígado ou rins. Eu não sabia, mas para evitar o envenenamento pelo petróleo, os animais ingerem soluções de carvão – e isso não é desleixo dos ambientalistas: é a única forma de evitar que morram imediatamente.
Um dos exemplos citados é o derramamento de Exxon Valdez, em 1989. Cerca de 1.600 pássaros foram capturados, tiveram óleo removido e foram reintroduzidos na natureza. O custo dessa operação foi de US$32 mil por animal (incrível quanto dinheiro se pode gastar consertando um erro né?).
Unindo os números dos esforços, financeiros e pessoais, chega-se à conclusão de que todo o trabalho que dá para limpar um animal que irá provavelmente morrer seria mais bem empregado em outra coisa….
Enfim, por mais que a lógica aponte para isso, simplesmente não consigo concordar que “não fazer nada” seja melhor do que “tentar fazer alguma coisa”. Entendo que o dinheiro poderia ser usado para outras causas, talvez com mais resultados, mas …esse 1% de sobrevivência não sai da minha cabeça.
1% ainda é uma chance… não?
E, no fundo, será que não tem algo único do ser humano em desafiar a lógica e os números?
*Thanks @SergioLisan pela conversa que inspirou o post.
Nota do Blog:
A impressão de que se tem ao ler o texto é a afirmação de que a ingestão de carvão tb é uma das causas de morte dos animais contaminados / envenenados por petróleo, o que é errado.
Tenho curso de enfermagem veterinária e estagiei na área de internação de hospital, atendendo muitos cachorros envenenados por chumbinho e a medida imediata era forçar a ingestão de carvão ativado, retirando-o depois através de sonda. E era o que salvava os animais, pois em caso de envenenamento o carvão ativado tem a função de absorver e neutralizar a substância engerida (seja ela veneno, ácidos, bases, medicamentos), diminuindo assim a entrada destes agentes em maior quantidade na corrente sanguinea.
Como não tenho nada de literatura aqui a respeito (estudo biologia, e não veterinária... rs) dei uma olhadinha na net e encontrei um arquivo bem interessante da Universidade Federal do Rio Grande - FURG, disponibilizado neste link:
Caso tiverem disponibilidade, dêem uma olhadinha no slide 6.
Então, pergunto: td o trabalho desenvolvido pelos CRAMs (Centro de Reabilitação de Animais Marinhos) espalhados pelo mundo é em vão? É realmente lamentável termos profissionais que desprezam a vida por ela representar o percentual de 1%, como se nessa estatística ainda não existissem seres que poderiam continuar a viver...
E outra, dizer que que o gasto para reabilitar e reintroduzir cada animal é de US$ 32 mil é absurdo!!! Não posso afirmar, mas acredito que esse não seja nem a verba anual recebida por CRAM, e nem por isso se deixa de fazer um trabalho válido pelos animais.
Sendo ainda um pouco sarcástica, a impressão que se tem é que a citada bióloga ainda tem a mesma maneira de pensar de seus conterrâneos nazistas: o que não produz e não gera lucro, deverá ser exterminado. Afinal, era isso que faziam com os deficientes físicos, mentais e doentes terminais na época de Hitler...
Pois, é! Mata, extermina, acaba logo com td... é mais prático (e cômodo!) do que tratar e cuidar daqueles que sofrem inocentemente por erros cometidos pela nossa espécie... :o (

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